Guia do Mochileiro das Galáxias

O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS

Disclaimer: o texto está escrito de uma forma que tenta emular o estilo do Douglas Adams e portanto pode parecer estranho e meio bobo. As palavras repetidas são intencionais e fazem parte do estilo do autor.

A Enciclopédia Galáctica, antigo repositório-padrão de todo o conhecimento e sabedoria, retorna o seguinte para Guia do Mochileiro das Galáxias:

Guia do Mochileiro das Galáxias

  1. Atual repositório-padrão de todo o conhecimento e sabedoria, cheio de omissões e informações imprecisas, porém consideravelmente mais barato e com a mensagem “NÃO ENTRE EM PÂNICO” em grandes letras garbosamente desenhadas na capa. Essa inscrição tem o poder de alegrar o espírito e tranquilizar mentes desde gamanianos inquietos até os pacíficos semparinos.
  2. Livro semi-quase-um-pouquinho-verdadeiro escrito por Douglas Adams¹ e frequentemente usado como exemplo nas Universidades de Calcanhar de Andrômeda e Nebulosas de Órion de forma a introduzir conceitos comuns à galáxia para civilizações não desenvolvidas. Nesse livro, em que o autor fingiu começar na Terra para fins de maior identificação com os leitores terráqueos, vemos algumas ideias interessantes sendo abordadas, a saber:
    1. O cotidiano e o ridículo: como disse um tal de Nathan², a vida é ridícula e absurda, e o cotidiano está cheio disso se você souber olhar. Estamos girando pelo universo em uma bola de pedra e água que tem seu interior pegando fogo, e sabe o que mais está pegando fogo? A bola de gás ao redor da qual ela gira. As pessoas estão todo dia andando de cá pra lá e de lá para outro canto em máquinas de ferro movidas a restos de dinossauros que chamam de combustíveis fósseis.Tudo isso é ridículo e absurdo, mas de tanto vê-lo no cotidiano elas chamam essas coisas de normais. Então o Douglas vem com essa história sobre burocracia e joga isso em escala cósmica, depois pega um heist e leva pra outra escala absurda. Mas aí é que está a beleza da coisa, por mais que ele jogue as coisas para uma escala cósmica, o Douglas sempre mantém um ar de mesma normalidade e ridículo que as pessoas da Terra devem sentir familiar. Ao invés de pegar carona em carros, a gente pega carona em naves espaciais, ao invés de beber coquetéis na Terra, tomamos dinamite pangaláctica, mas o porre é igual (ok, talvez um pouco pior com bebida espacial), porém os chás são igualmente quase no ponto, embora nunca no ponto certo como aqui. Ainda temos presidentes incompetentes entre as estrelas e as pessoas estão naquela constante tensão entre tentar sobreviver e tentar se divertir. É tudo igual, mas de alguma forma diferente; e isso é uma coisa que todo cidadão da galáxia sabe. Com tantos planetas lá fora, tudo parece incrível pra quem vê de fora, mas ordinário para quem vive isso.
    2. Somos pequenos e não somos os únicos: apesar do ponto anterior falar um pouco sobre a grandeza do universo – e olha ele realmente é uma coisa grande -, isso não é uma coisa que as pessoas da Terra entendem direito. No Guia do Mochileiro o Douglas vez após vez nos lembra de como tudo é maior que nós e somos apenas poeira das estrelas. Mas se não quiser pensar nas estrelas, no universo e em tudo mais, você pode pensar no planeta Terra. Quantas horas precisa para andar da sua casa até o trabalho? E pra cidade vizinha? Quantos meses para andar de uma ponta à outra do país? Humanos são pequenos, porém tendem a esquecer esse fato. Algumas vezes parece proposital, mas provavelmente não é, já que apenas espécies avançadas conseguem controlar as próprias memórias. Só que, além de grande, – novamente, o universo é bem grande -, o universo também é diverso. Douglas faz um belo trabalho povoando sua história com toda sorte de espécies e o faz com um caráter didático (ele foi conhecido por atividades ambientalistas), já que os humanos costumam pensar que são a única espécie importante em seu planeta, quem sabe a ideia que não são os únicos debaixo do Sol faça com que seus cérebros passem a olhar para as outras espécies com mais respeito, – ou não -, mas enquanto isso o pensamento humano continuará a ser considerado doença contagiosa em 6 galáxias e 4921 sistemas planetários.
    3. Exercício imaginativo: imaginar é considerado um esporte pan-olímpico³ desde 150 mil A.C.4, portanto Adams, em sua bondade, escreveu um livro com um vasto universo que, embora bastante descritivo, é vago em detalhes, convidando os leitores a exercitarem suas imaginações enquanto embarcam com os personagens na nave coração de ouro e exploram o infinito. Ter uma imaginação robusta fará com que você seja respeitado em qualquer canto do universo e talvez em algumas arestas também. Ao fim do livro, o leitor poderá ser considerado um imaginador amador e está apto a participar de rinhas imaginais não oficiais.
    4. Índice D: o livro foi avaliado como D205 nos testes padrões mountipytianos. Esse ponto em si não aborda uma ideia, o anterior também não o fez, mas provavelmente só burocratas vogons notariam esse detalhe.

Notas:
1. Mais notório visitante espacial depois de Frederico de Mercúrio (o cantor), Micael ex-Homem de Preto e criador do passinho da lua (outro cantor), Jonas D (mais um cantor, porém também ator e pirata, muito curioso como os visitantes de outros planetas gostam de cantar).

2. Nathan Wilson é um escritor com muito em comum com Douglas Adams, em especial um livro com a palavra xícara no título.

3. A disputa se dá da seguinte forma, todos os competidores colocam capacetes feitos de cristal gelatinoso e ouvem uma história. A seguir projetam sua figura imaginada através do capacete para a realidade e as usam em uma batalha de dança.

4. A.C. = Antes do Chocolate, o chocolate é uma iguaria universalmente conhecida e o sorvete de chocolate é a única comida que já foi elogiada em 14 dimensões.

5. D é uma unidade de diversão definida como uma diversão razoável, sendo 0 ir ao dentista ou declarar o imposto de renda e 1 ler ou assistir algo mais ou menos bom, que não é ruim, mas não chega a um nossa como é bom. É, consequentemente, uma grandeza absurdamente variável, mas acredite, D20 é diversão pra caramba. Não confundir com aquele dado usado em jogos terráqueos.

Sobre o autor:

Lino Sousa é formado em Ciência da Computação e trabalha como desenvolvedor de software, é amante de mitologias, fantasia e qualquer história com magia. Gosta de falar sobre poesia, webnovels e webtoons.

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