Guardiões da Galáxia Volume 3 – Análise sem spoilers
Seis anos após a estreia do Volume 2, com o maior intervalo entre um filme do MCU e sua sequência até agora, Guardiões da Galáxia Volume 3 chegou aos cinemas com a proposta de encerrar histórias dentro e fora das telas. Para James Gunn, diretor e roteirista dos filmes anteriores da trilogia, é a última parceria com a Marvel Studios e com os atores nos papéis. Já para os personagens, é a conclusão dos arcos e do desenvolvimento que Gunn quis para eles.
Algum tempo após os eventos do Especial de Natal, os Guardiões estão morando em Luganenhum. Quill ainda sofre pela perda da Gamora, e fica bêbado constantemente. Os outros personagens não sabem como lidar com essa situação e pensam como podem ajudá-lo. Nesse contexto, o passado de Rocket volta para assombrá-lo na figura do Alto Evolucionário, um geneticista que busca criar uma utopia habitada por indivíduos perfeitos. Como esperado, os Guardiões não deixam que ele enfrente essa sozinho.
Paralelamente, temos os Soberanos, representados pelo seu campeão, Adam Warlock, desejando vingança contra nossos heróis após os eventos do segundo filme. Além da variante de Gamora que ainda não foi encontrada pela equipe. Ao longo da narrativa, conhecemos a história de origem do Rocket, o coração do filme, tanto por sua jornada como um todo como também pela temática trabalhada.
O elenco é simplesmente espetacular. Os atores veteranos estão muito confortáveis em seus papéis e entregam com muita competência tanto o drama quanto o humor. Will Poulter não tem muito destaque como Warlock, mas tenha em mente que estamos apenas vendo sua introdução aqui. Chukwudi Iwuji interpreta um vilão bastante cruel e extremamente detestável, muito do que ele faz dialoga com coisas que vemos na nossa realidade. É praticamente impossível algum espectador simpatizar com sua jornada e concordar com as intenções dele, diferente de como vimos com Thanos e com Killmonger, por exemplo.
Alguns dos Guardiões aparecem mais que outros, mas todos têm pelo menos um momento de destaque na tela. Temos várias participações especiais no longa, desde intérpretes estreantes na Marvel que já trabalharam com o Gunn (inclusive na DC), a volta de personagens dos Volumes passados e atores que estiveram em produções anteriores do MCU fazendo novos papéis no filme.
Além disso, as cenas de ação também são muito satisfatórias. Uma em especial acontece em um corredor e é facilmente uma das melhores cenas da trilogia e do MCU até hoje. Visualmente, o filme é um deleite para os olhos. A fotografia, a edição, o CGI do Rocket, do Groot, da Cosmo e de outras criaturas estão em uma qualidade altíssima. Temos algumas coisas bizarras e até bem grotescas. Guardiões mantém o visual particular dessa ala do MCU cósmico, enquanto cruza com o visual cósmico mais fantástico do Thor e dos Eternos. Vejo que a Marvel continua a ter sucesso nesse quesito criativo em meio às demais ficções e fantasias científicas.
O Volume 3 do Awesome Mix está lindo. A novidade é que dessa vez temos músicas da década de 90 e desse século entrando na lista. Como nos filmes anteriores, muitas das trilhas estão inseridas ativamente na narrativa, conversando tematicamente com a história ou com os sentimentos dos personagens. Quem escuta “Come and Get Your Love” e não lembra do Peter dançando em Morag? Como não visualizar o Groot se divertindo em meio ao caos enquanto “Mr. Blue Sky” toca? Acho que a música que mais consegue reproduzir esse feito nesse filme é a “Dog Days Are Over”, que está vinculada a uma cena muito bonita, emocionante e que provavelmente deixará, no mínimo, um sorriso no seu rosto.
Como segundo filme e segunda produção da Fase 5 a estrear, Guardiões 3 é bem mais isolado dos eventos principais da Saga do Multiverso. Mas isso não significa ausência de consequências para o futuro do MCU e de repercussões fora desse núcleo. O Volume 3 tem seus momentos sombrios, sérios, dramáticos e também divertidos. O humor mais bobinho continua presente, assim como algo mais “adulto” ocasionalmente. O filme está no tom que as produções do MCU têm no geral, e é coerente com o que o Gunn fez nos filmes da Marvel e com vários desses personagens no passado.
Assim como em Vingadores: Ultimato, esse filme oferece uma conclusão digna para o arco de certos personagens, enquanto traz promessas para o futuro. Não deixar que o passado defina quem você é, superar traumas e perdas, aceitar as coisas que não podemos mudar e encontrar contentamento no presente, encarar os problemas e oferecer segundas chances são alguns dos temas que podemos encontrar nesse longa-metragem.
Agora posso afirmar que boa música, dança, momentos emotivos orgânicos e genuínos são uma constante dessa trilogia. Se a jornada desses personagens te cativa, os sentimentos que você pode ter com essa produção podem ir da alegria até o choro. Não posso dizer que você vai gostar do filme, mas é muito difícil assisti-lo e não ter o coração um pouquinho aquecido por essa família de amigos do espaço.
Sobre o autor:
Este texto foi escrito por Guilherme Scholtz
Guilherme Scholtz é um orgulhoso membro dos fandoms da Marvel, da DC e de Star Wars desde criança. Fascinado por bateria, dinossauros, aeronáutica, astronáutica e games. Telas, páginas e imaginação são seus veículos para fazer algo que ama: viajar no tempo e no espaço pelos mais variados universos, dimensões, realidades e histórias da cultura pop.