5 motivos para ver Doctor Who
Sessenta anos, essa é a idade que “Doctor Who” vai completar em novembro de 2023. É a série de ficção científica que durou mais tempo na TV e já acumulou dezenas de prêmios e recordes durante as últimas décadas. Com tanto tempo no ar (exceto a breve pausa entre 89 e 2005), você deve estar se perguntando como uma série pode durar tanto tempo assim na televisão. Aqui estão algumas respostas, e com elas, alguns motivos pelos quais você também pode querer embarcar nessa viagem com a Tardis.
1. O personagem do Doctor
A série acompanha um alienígena humanóide chamado Doutor ou Doctor que viaja através do espaço-tempo na sua Tardis, uma nave espacial, cujo nome é uma sigla em inglês para ‘Tempo e Dimensões Relativas no Espaço’. Ele normalmente se veste de um modo estranho e viaja com um ou mais acompanhantes.
Mas, não deixe o fato dele ter dois corações e possuir pequenas habilidades telepáticas te enganarem. Com todas as suas estranhezas e inabilidade social, é nos momentos de maiores dilemas morais que ele se apresenta como o personagem mais humano da série.
Podemos não saber o nome verdadeiro dele, além do título de Doctor, mas sabemos que onde há desastres acontecendo, ele aparece. Sabemos que ele não foge de situações em que a vida de alguém está em perigo. E que, de alguma forma, ele foi o único a sobreviver a maior guerra havida em todo o universo, a Grande Guerra do Tempo. Da qual ele tomou a decisão final.
Ele faz isso, paradoxalmente, sendo teimoso em cumprir seu voto de nunca levantar armas contra alguém, e, ao mesmo tempo, possuindo o poder de ‘chamar exércitos inteiros a se reunirem somente com a menção de seu nome’.
Sendo alguém que tenta ser o mais misericordioso possível, mas também é consumido pela culpa porque, nas palavras dele: “todas as vezes que eu negocio, eu tento entender o outro lado e as pessoas morrem. Morrem por meu senso de misericórdia.” E sendo alguém consumido pelo ‘dever de cuidar’, como ele mesmo fala. Mas cujo dever muitas vezes o faz passar dos seus limites.
2. É uma série sobre mudanças
As melhores viagens pelo universo sempre guardam algum perigo, ‘se você tem sorte’, e por isso mesmo não é incomum a morte dar as caras. Nesses momentos, os Senhores do Tempo não morrem diretamente, mas possuem a habilidade de trocar de corpo numa habilidade chamada de regeneração.
O recurso foi utilizado pela primeira vez em 1966, quando o ator que fazia o Primeiro Doctor começou a apresentar problemas de saúde, e desde então, tem sido um meio de oxigenar a série e trazer ‘nova vida’, quase que literalmente para o personagem principal. Através de suas muitas faces, o Doctor mantém suas memórias, mas sua personalidade e seus gostos sofrem pequenas alterações.
Junta-se a isso que os companions ou acompanhantes do Doctor também vão mudando, dando a ele novas perspectivas em suas viagens pelo universo. Ou seja, quem assiste à série é frequentemente exposto à mudança: o Doctor favorito de alguém se despedindo, um personagem novo chegando, uma renovação de visual, uma nova perspectiva sobre como aproveitar viagens no tempo e espaço.
Como o Doctor diz após se despedir de certa personagem: “Tudo tem que acabar algum dia. Caso contrário, nada poderia começar.”
3. Todo o tempo e espaço atrás da porta da Tardis
A máquina do tempo que está à disposição do Doctor foi roubada, ou melhor ’emprestada’ por ele quando fugiu de sua terra natal, Gallifrey, por uma série de motivos que vamos compreendendo no decorrer da série. E como o seu nome diz, a Tardis dá a possibilidade de conhecer tanto o passado da humanidade como centenas e centenas de planetas dos mais diversos possíveis.
Isso faz com que, apesar de ser uma série, em teoria, de ficção científica, Doctor Who consegue englobar os mais diversos gêneros. Numa semana visitamos uma personalidade histórica (como Van Gogh, Nikola Tesla, William Shakespeare ou Agatha Christie), na seguinte há uma crítica social sobre o papel da humanidade no universo, depois há um terror com alienígenas desconhecidos, logo depois um paradoxo temporal maluco é usado para roubar um banco. O caráter episódico da série faz com que muitos deles possam ser vistos por separado, enquanto há outros arcos narrativos mais fortes sendo preparados durante toda uma temporada.
4. Vai criticar o pior da humanidade
Como as melhores obras de ficção, Doctor Who não é somente sobre aliens, tecnologias do futuro, paradoxos temporais ou o fato estranho de um alienígena como o Doctor estar quase sempre em Londres. Mas sim, sobre a humanidade e suas questões.
Nos episódios ‘The Lazarus Experiment’ e ‘Human Nature/Family of Blood’, por exemplo, a série vai tratar do desejo por imortalidade. Em ‘Midnight’, vemos pessoas completamente desprovidas de racionalidade em meio ao terror desconhecido de um planeta alienígena. Em ‘The Long Game’ e ‘Bad Wolf’ há críticas sociais ao impacto mental dos reality shows. Em ‘Kill the Moon’, um debate sobre o papel do homem na decisão do aborto. Em ‘The God Complex’ e ‘The Rings of Akhaten’, há comentários sobre o poder dos ídolos em escravizar pessoas. Entre muitas outras temáticas. A série é quase inesgotável neste sentido, levando a inúmeras reflexões, sem perder o foco no entretenimento.
5. Doctor Who nunca vai desistir do valor do ser humano
Mesmo assim, vemos que a série sempre irá renovar sua visão positiva sobre a humanidade. Muitas vezes, por meio da insistência do Doctor em tentar salvar o máximo de pessoas possível. Em muitas outras, esse novo olhar virá de seus companions.
Estes personagens, em sua maioria humanos, trarão a ele novos questionamentos sobre a forma como ele viaja no tempo e espaço. Perguntando sobre as regras, quem é possível salvar, porque a Tardis é uma cabine policial dos anos 60 e fazendo o Doctor refletir sobre suas próprias atitudes.
O Doctor também tem certa mania de grandeza e, em certos momentos, desenvolve certo olhar altivo para outros seres, sejam humanos ou alienígenas. Esse seu lado sombrio gostaria de controlar todo o espaço e tempo segundo a sua vontade. E é aí onde ele precisa ser lembrado do que é certo e errado. Onde ele precisa recordar daquilo que ele mesmo declarou em ‘A Christmas Carol’: “Em 900 anos por todo o tempo e espaço, eu nunca conheci nenhuma pessoa que não fosse importante.”
Talvez você esteja se perguntando agora por onde começar. Para quem está começando agora, é recomendável evitar a Série Clássica (1963-1989) e pular logo pra Série Moderna (2005-hoje). Ela se encontra no momento na décima terceira temporada, cada uma possuindo entre 6 episódios e 18 episódios, que você pode acompanhar sem dificuldades.
A cada certo tempo, a série troca de produção e passa para outra equipe de roteiristas, junto com a mudança de atores, diretores, etc. Isso aconteceu no início da quinta e da décima primeira temporada, e está acontecendo agora, quando um novo Doctor será introduzido na décima quarta temporada. Esse momento de troca de equipe também serve como um ponto de entrada na série, pois vários conceitos são reintroduzidos em outro contexto, e pouca bagagem é necessária.
Então, se você tiver preparado, faça suas malas para entrar na Tardis e começar sua aventura no tempo e espaço!
Sobre o autor:
Este texto foi escrito por Rilson Joás.
Rilson Joás é formado em Jornalismo e estudante de Ciência da Computação. E também alguém que sobe na Tardis dia ou outro para conhecer os mais diversos mundos estranhos e fantásticos, e voltar para a vida diária com pelo menos 6 centavinhos a mais de encanto.